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Centro de Referência da Mulher Negra Comemora 1º Aniversário com roda de conversa sobre Violência de Gênero e Racismo

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Nesta quinta-feira, 27, o Centro Estadual de Referência da Mulher Negra (CERMN) e o Grupo de Mulheres Negras Mãe Andreza celebraram o primeiro aniversário do CERMN com uma roda de conversa cujo tema central foi “O Desafio de Ser Mulher Negra no Contexto de Violências”. O evento reuniu um público diverso e engajado, refletindo sobre os múltiplos tipos de violência que afetam as mulheres negras no Brasil, evidenciando tanto as formas explícitas quanto as mais sutis e simbólicas.

A abertura foi conduzida por Ademas Galvão, diretora do CERMN, que destacou a relevância do encontro para refletir sobre o papel do centro no fortalecimento e na proteção das mulheres negras. Segundo Galvão, a celebração do aniversário é também um marco para recordar a difícil trajetória na criação e na consolidação do CERMN.

Em sua fala, ela também ressaltou que as mulheres negras ocupam o topo das estatísticas de violência de gênero, uma posição que ela definiu como insustentável. “Sabemos do cenário de violência contra as mulheres, mas quando fazemos o recorte de raça, nós, mulheres negras, estamos no topo das estatísticas, e não é nessas estatísticas que queremos estar”, afirmou Galvão, sinalizando a necessidade urgente de iniciativas mais eficazes no combate às violências.

Violências Sistêmicas e Cotidianas

A primeira palestrante, Carla Serrão, professora adjunta do Departamento de Serviço Social da UFMA e doutora em Políticas Públicas, abordou as raízes históricas da violência contra a mulher negra no Brasil. Em sua análise, Serrão argumentou que essa violência é parte do processo de formação social do país, onde corpos negros, especialmente os das mulheres, foram historicamente desumanizados. “Desde a violência obstétrica até as mais cotidianas, as mulheres negras são vítimas de um ciclo contínuo de opressão”, pontuou a pesquisadora, ao apresentar dados que ilustram a persistência desse problema em diversas esferas da vida social.

Em seguida, Anícia Ewerton, psicanalista e mestranda da Universidade Federal Fluminense, trouxe uma reflexão sobre as consequências das diversas formas de violência enfrentadas pelas mulheres negras. Ela abordou temas relacionados ao impacto dessas violências na saúde mental, destacando a importância de estratégias de autocuidado e resistência no cotidiano dessas mulheres. Embora o racismo estrutural e as agressões de gênero continuem a ser desafios significativos, a psicanalista enfatizou a necessidade de iniciativas que promovam o bem-estar e o fortalecimento das mulheres negras.

Compromisso Coletivo

O encontro foi encerrado com uma sensação compartilhada de urgência e comprometimento no combate às diversas violências enfrentadas pelas mulheres negras. Ao promover um espaço de diálogo e reflexão, iniciativas como essa são essenciais para amplificar vozes e enfrentar esses desafios de forma coletiva. O evento não apenas celebrou um ano de conquistas do CERMN, mas também reforçou a importância de continuar na linha de frente pela igualdade de direitos, equidade e respeito, reconhecendo as mulheres negras como protagonistas ativas na construção de suas próprias histórias.

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